quarta-feira, 24 de setembro de 2025

41 / Luís Palma Gomes, "Ervas secas, quase mortas"


Ervas secas, quase mortas


Vós, que tivestes

todo o verão para florir,

e creio que cumpristes.


Os pássaros e os ratos

amavam-vos

por razões diversas,

mas não menos sinceras

e frutuosas.


Amavam-vos

como quem ama

a mãe,

o pai,

a própria pele.


Agora,

vossas folhas

acastanham lentamente.


Talvez a terra vos chame

em segredo

e para sempre.

Ou talvez não.


Talvez apenas adormeçais

no lume brando do chão,

no melhor dos refúgios

para quem perdeu, por agora,

alguma força.

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